Depois que voltou do hiatus,
Grey’s Anatomy parecia determinada a deixar para traz os erros cometidos na
primeira metade desta temporada. Contudo, os episódios anteriores não foram
muito felizes em cumprir essa tarefa. A trama está mergulhada num mar de
marasmo e nada parece seguir adiante. Personagens negam-se a seguir em frente e insistem em um ciclo que não nos leva a lugar nenhum.
Nos episódios anteriores foi instaurada no hospital uma “lei”
que proíbe os “casinhos”. Pensei que isso não fosse muito adiantes, afinal a maioria dos casais são casados e bem resolvidos. Mas levando em conta o bom senso, os casos amorosos dentro do hospital nunca ficaram em pauta de um ponto de vista burocrático. Transar nos quartos de descansos e beijos de tirar o fôlego dentro do elevador entre "internos" e "atendentes" nunca chegou a ser um problema.
Já me perguntei algumas vezes o porquê do roteiro dar luz a uma trama como essa que não nos leva a lugar nenhum. O único casal que parece ser
afetado com essa nova lei é Alex e Jo. O que aconteceu com Callie e Arizona foi mais um "efeito colateral", do qual falaremos mais adiante. Do ponto de vista legal, Alex e Jo não podem demostrar seu amor dentro das paredes do hospital sem sofrer uma "repreensão". Toda essa história chega a soar um pouco absurda tratando-se de GA. Porém, por esta ser uma prática bastante adotada em empresas convencionais, o plot tem um pouco de respaldo.
Todavia, a razão de sua existência é praticamente anulada quando Meredith arruma uma saída legal, uma espécie de contrato, que permite "os pegas" dentro do hospital, evitando assim, as medidas de repreensão. O plot morreria por aí se não fosse a cabeça dura do Karev em querer assinar o termo. O mesmo vale para Jo. Se bem que depois que o Alex meio que a pediu em casamento, assinar aquele documento funcionava como um contrato de casamento.
Não é de agora que torço pelo casal. Mas acredito que a trama faz de tudo o possível para atrapalhar a vida do casal. Nesses 10 anos de GA essa é a primeira vez que vejo o Karev de bem consigo mesmo e em um relacionamento estável. Já até desistir da ideia da volta da Izzie para que eles ficassem finalmente juntos. Jo é a pessoa certa para ele. Então, Tia Shonda, por favor, deixe os dois serem felizes. Ainda acho que a história do bebê abandonado, que foi completamente esquecido no episódio 10x16, pode trazer bom momentos para o casal. (ou não!)
Meredith e Derek, contudo, perderam o brilho de casal protagonista e parecem mais dois coadjuvantes na trama. A estabilidade que o casal tem não parece dar
espaço para nenhuma artimanha do roteiro para fazê-los crescer dentro da trama. A história do estudo do Derek só trouxe mimimi e nada de significativo. As storylines individuais também não andam tendo muito sucesso. Meredith ainda tenta se acertar com seu estudo, dividindo o tempo que tem com a família, em alguma conversa engraçadinha com a Cristina, dando bronca na Stephanie ou fazendo alguma cirurgia de rotina.
Já o Derek divide seu tempo ou falando com alguém da Casa Branca ou brigando com Torres. Achei digna a atitude da ortopedista em lutar pelos sensores. Ela estava com razão, já o Shepherd estava soberbo com sua importância e a relevância do estudo DELE para o mundo. Ainda bem que Callie colocou um pouco de juízo na cabeça dele, fazendo-o tomar uma atitude que trouxesse bons frutos para ambas as partes. Fora o que já foi comentado, Mer & Der se resume em tramas fracas e com pouca perspectiva, que acaba resultado na
diminuição do tempo deles em tela e a relevância deles na trama, ou seja, coadjuvantes!
Já Callie e Arizona vem ganhando
bastante destaque, um pouco demasiado e bastante cansativo. Já cheguei a dizer
que não via mais nenhuma perspectiva para Calzona, contudo o roteiro continua a
insistir nessa tecla. De novo. De novo. E de novo. Não vejo nenhuma intensão dramática nessa insistência toda, mas tenho convicção de que essa repetição é a principal responsável pelo desgaste das personagens.
Há um tempo atrás. Calzona era o melhor de Grey's. Hoje em dia é chato! O episódio 10x15 foi praticamente dedicado ao casal, com bastante destaque para Arizona, que teve que lhe dar com a questão de amputação de uma paciente de Callie. É importante a gente notar aqui que a personagem está bem com a sua situação. O problema todo, como a mesma confessou para a esposa, é que a sua nova condição a fez abrir mão de quem ela era, e que agora ela estava tentando se redescobrir.
Confesso que nunca havia parado para pensar nisso antes, mas a Arizona tinha razão. Ela não tinha perdido apenas a perna, ela tinha perdido a ela mesma também. Não que isso justifique a traição, o caso com Murphy ou qualquer outra coisa que ela tenha feito. Agora vejo tudo isso como "efeitos colaterais" na busca dessa nova Arizona. Da vontade de ser mãe que não deu certo, da curta separação e tantos outros baques que a personagem sofreu, mas que mesmo assim a fizeram crescer.
Ao que parece, o problema, a nuvem negra das trevas que circundava Calzona se foi. No final do episódio 10x15 tivemos uma espécie de "desfecho", o qual achei bastante satisfatório. Na cena em que Callie tenta ajudar Arizona a andar com o tênis de rodinha na casa nova, mostra não só entendimento, compreensão, mas também superação, amor e cumplicidade. Espero que agora a história da perna fique fora de questão e que ambas encontrem um denominador comum.
Quem também ganhou mais destaque
foi Owen e Cristina. Tinha medo do que poderia acontecer depois que o Owen
terminou com a outra médica depois de ter dormido com a Cristina. O médico
parece ter deixado de lado as questões que já foram o empecilho para a
felicidade dos dois. Porém, Cristina mostra-se bem resolvida e O.K. com toda essa situação. Ela até tentou arrumar uma namorada para o Hunt no episódio 10x16, mas lá no fundo, ela não consegue esconder o que sente.
O que me preocupa, porém, é o
fato da Cristina estar indo embora. Não quero me apegar a ilusão de ver o casal
junto para depois separá-los. Não creio na possibilidade de Owen sair junto com
a Cristina, seria uma perda dupla, talvez até mais dolorosa que a do Mark e da
Lexie. Não sei se a trama conseguiria se sustentar perdendo mais algumas de
suas estrelas. Mas tenho que confessar que quando os dois ficam juntinhos sem ninguém por perto e fico torcendo para que eles se beijem e se entreguem loucamente a paixão.
É difícil para nós, fãs, não se apegar aos personagens e torcer para que eles sejam felizes. No caso de Cristina e Owen tem um agravante: eles tem MUITA química. Há quem discorde, mas quando eles se olham eu praticamente vejo as faíscas incendiando a cena. Na semana passada foi anunciado que
o Burk estaria de volta para um episódio especial. Ao contrário de Burk, Owen tem um borogodó especial. Não sei bem dizer o que é, mas torço para Cristina & Owen e não para Yang & Burk.
Provavelmente esse retorno do quase ex marido da Yang tem a ver com o fechamento da história dela na série. Tenho medo
de pensar nas possibilidades dramáticas que isso pode impor, mas ficarei feliz
se esse pequeno retorno tiver a capacidade transformadora, dando uma
chacoalhada, já que a trama está carente de boas estórias
.
Já chegando ao finalzinho da review, não poderia
deixar de comentar sobre April e Jackson. O casal que ainda parece viver na
fase “lua-de-mel” teve as estruturas bastantes abaladas com a volta de
Catherine. A mãe de Avery trouxe à tona questões práticas que foram postas de lado dado ao casamento relâmpago dos dois, como o acordo pré-nupcial.
Entretanto, isso acabou despertando algumas questões individuais e conflitantes, como a religião em que os futuros
filhos serão educados. Sempre soubemos que April era uma pessoa religiosa e nada mais natural que ela deseje que seus filhos sejam cristãos igual a ela. Mas, há também outras questões levantadas com o colégio interno e todas as responsabilidades que impliquem em ser um membro da família Avery.
Não achei nenhuma novidade a
preocupação da Catherine com essas questões, afinal, como ela mesma disse, comandar uma
organização multimilionária requer certas responsabilidades. E é bastante natural ela se preocupar com questões como essas. Caso contrário, ela poderá ver o trabalho de várias gerações se definhar por causa de escolhas más
ajustadas entre os recém casados.
Claro
que ali também tinha um sentimento de perda presente, pois qual é a mãe que não
quer ver o filho casar como manda o figurino? Catherine foi privada desse privilégio e isso a magoou. Contudo, ela ainda consegue sentir orgulho do filho, que foi atrás do "amor verdadeiro".
Agora Jackson e April terão que resolver suas questões e fechar um acordo para o bem de ambos, dos seus futuros filhos e para o bem do patrimônio da família Avery.
Richard e Miranda, porém, parecem
continuar numa espécie de limbo. Ambos não tiveram nenhuma storyline decente
esta temporada. O caso do Richard ainda é mais otimista, já que ele tem
Catherine como namorada, o que costuma render bons momentos; e o fato dele agora ter sido promovido à Coordenador da Residência, ou algo assim. Ainda é cedo para
dizer o que isso implica na dinâmica da série, mas contato que ele deixe de ser
babá de Ross, já está de bom tamanho.
Miranda, por outro lado, parece
não ter salvação. Seu relacionamento com o Ben parece estável, seu TOC já
rendeu o que tinha que render e não há nenhuma perspectiva dramática para ela
dentro da trama. Até os novos internos tem estórias mais empolgantes que ela. Isso é algo que venho reclamando já a algum tempo. Tia Shonda, dê uma estória legal para Bailey, por favor! Não quero mais vê-la fazendo sanduíches em formato de dinossauros, nem fofocando pelo hospital.
Espero que Grey's Anatomy consiga enxergar os erros cometidos e as brechas que há na trama. A temporada já está entrando em sua reta final e não há mais tempo a ser perdido. Até a próxima.
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