sexta-feira, 30 de março de 2012

[RESENHA] Delírio - Lauren Oliver


Lauren Oliver cria uma sociedade onde o amor é uma doença, e trabalha com suas consequências de uma forma dura e emocionante, em mais uma de suas lindas histórias.

Título: Delírio (Delírio #1)
Autor: Lauren Oliver
Editora: Intrínseca
Lançamento Brasil: 2012
Páginas: 352
Título Original: Delirium
Lançamento: 2011


SINOPSE: Muito tempo atrás, não se sabia que o amor era a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não havia como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura? 

Delírio é o segundo livro da Lauren Oliver, onde ela se aventura escrevendo o primeiro livro de uma trilogia distópica. Distopia é um gênero que está em alta ultimamente (principalmente depois do lançamento nos cinemas de Jogos Vorazes) e se trata de uma sociedade futurística com um governo autoritário, geralmente com leis e circunstancias meio surreais para “nossa época”, como se fosse uma sátira. A variação deste gênero não foge muito desta descrição e seu objetivo, em suma, é a reflexão. No Brasil podemos citar títulos como a série Feios (de Scott Westerfeld), Destino (de Ally Condie), Jogos Vorazes (de Suzanne Collins) e o clássico 1984.

Em DELÍRIO, Lena, a protagonista, vive em uma sociedade onde o amor é uma doença (a pior de todas), um vírus chamado “amor delira nervosa” onde ao completar 18 anos todos recebem a cura, tornando essa pessoa indiferente aos sentimentos e assim evitando que ela sinta amor, ódio, egoísmo, medo e outros sentimentos em demasia. Para eles, é bem claro que o amor é algo ruim, que faz a pessoa cometer loucuras, sofrer, sentir medo, se distrair, etc. Uma sociedade na qual o seu maior objetivo e a produção, as pessoas me pareceram meio robóticas e frias, onde não há amor nem por seus filhos, somente comodidade.
“Ódio não é o mais perigoso. É a indiferença.”

Lena e sua amiga Hana estão prestes a completar 18 anos, receber a cura e serem pareadas, ou seja, serem destinadas a um curado do sexo oposto para se casar e ter um número x de filhos determinado pelo governo. As duas foram criadas nessa sociedade, não conhecem outra realidade, então são submissas a isso. Estão ansiosas para seu grande dia, em que estarão finalmente livres do vírus. As garotas não convivem com os garotos, justamente para impedir a contaminação do “delíra”.

A narrativa de Lauren Oliver é incrível! O livro é bem reflexivo e acredito que não foi criado para agradar a todos. Detalhista, Oliver se atem há detalhes do cotidiano, que muitas vezes passam desapercebidos, nos fazendo refletir que o amor está em toda parte, ele nasce com o ser humano. Para muitas pessoas, que gostam de uma narrativa mais dinâmica, o ritmo lento pode parecer “maçante”, para mim pareceu sensível, questionador e necessário.
“Amor, a mais mortal das coisas mortais: mata quando você tem e quando você não tem.”
Como em toda sociedade distópica que se preze, existe a resistência. E é assim, com um garoto, Alex, com opiniões contrárias das que foram impostas, que Lena descobre o amor. Ou melhor, descobre que o amor sempre existiu nela. O amor por sua mãe, sua amiga Hana, sua prima Grace. Muitas coisas acontecem na história, muitos mistérios sobre a família de Lena e crueldades que ela nem ao menos havia percebido que existia são reveladas. O amor de Delírio não se resume somente a amor de homem e mulher. É muito mais que isso. É a amizade, a fraternidade, maternidade, paternidade. O amor está por toda parte. Uma sociedade sem isso é aterrorizante.

Vou me deter em descrever os personagens em poucas palavras. Lena: amadurecimento. Hana: rebeldia. Alex: nobreza. E o trio: amor, fidelidade, sacrifício.

Lauren Oliver continua com as mesmas características marcantes de seu outro livro, o maravilhoso Antes que eu Vá: narrativa reflexiva e personagens que amadurecem com o desenvolver da história. A Lena do começo não é a mesma da Lena do final de Delírio. E tudo acontece naturalmente, nada é forçado.
“Amor. Uma única palavra, algo delicado, uma palavra que não é mais larga ou longa que uma lâmina. É o que ela é: uma lâmina, uma navalha. Ela corre pelo centro de sua vida, cortando tudo em duas partes. Antes e depois. O restante do mundo cai em ambos os lados. Antes e depois – e durante, um momento que não é mais largo ou longo que uma lâmina.”
Não pude deixar de me lembrar do livro “A Hospedeira”, de Stephenie Meyer, onde a sociedade é meio ao inverso de Delírio: regida somente pelo amor. Me lembrei também de uma das frases mais marcantes da série “Os Instrumentos Mortais”, dita pelo protagonista Jace, onde seu pai lhe ensina que: “Amar é destruir e ser amado é ser destruído.”. Ambos personagens, tanto Lena quanto Jace passaram boa parte da sua vida sem amor, criados  de formas diferentes: Lena na indiferença e Jace na violência. Os dois mudam ao descobrir o amor e receber carinho das outras pessoas, porém o passado sempre deixa suas marcas.

O livro é LINDO! Para mim foi emocionante. O final você sente como se tivessem pegado seu coração e o esmagado. Típico dos livros de Lauren Olíver, você sabe que o final foi justo, foi lindo, foi épico, mas não consegue se conformar que ela tenha feito você amar os personagens para depois te impor um final desses. O bom é que há mais dois livros com a promessa de muitos conflitos e sofrimentos. Não se envergonhe se uma lágrima rolar em seu rosto ao terminar de ler o livro.

Virei fã de Lauren Oliver logo após me conscientizar de uma coisa: não sou a mesma depois de ler seus livros.

O próximo livro se chama PANDEMONIUM (Pandemônio, ainda sem previsão de lançamento no Brasil). Preciso dizer que PRECISO do próximo?
“Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós.”
(O trabalho gráfico da editora ficou lindo!)

EXTRA: PLAYLIST


Essa música é PERFEITA para o livro. A letra se encaixa MUITO. Se você está pensando em ler o livro, escute a música antes para ter uma ideia do que te aguarda!





+ Outra música com letra e vibe ótima para Delírio.



 


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