terça-feira, 17 de julho de 2012

[CINEMA] Dark Shadows


Falar da dobradinha Depp + Burton é suspeitíssimo pra mim, já que sou fã inquestionável dessa dupla maravilhosa. Acho sempre difícil comentar e criticar os filmes dessa parceria, tudo dito parece soar clichê ou indescritível, e não seria diferente tal dificuldade com a mais nova obra de Tim Burton: "Dark Shadows".
Diga-se de passagem "polêmico", esse novo filme tem surtido críticas de pontos extremos, onde ou amamos ou odiamos após assisti-lo. A questão é que, essa película tem causado um ataque exacerbado de decepções e paixão por espectadores fãs do diretor e/ou do ator principal Johnny Depp.  E você, irá amar ou odiar?


Sinopse:
No ano de 1752, Joshua, Naomi Collins e seu filho Barnabas, foram embora de Liverpool, Inglaterra, para começar uma nova vida na América. Mas mesmo um oceano não foi suficiente para escapar da misteriosa maldição que atormenta sua família. Duas décadas se passaram e Barnabas (Johnny Depp) tem o mundo aos seus pés, ou pelo menos a cidade de Collinsport, Maine. Capitão do Collinwood Manor, Barnabas é rico, poderoso e um playboy inveterado ... até que ele comete o erro grave de quebrar o coração de Angelique (Eva Green), uma bruxa, em todos os sentidos da palavra, Angelique condena-o a um destino pior que a morte, transformando-o em um vampiro e enterrando-o vivo. Dois séculos mais tarde, Barnabas é libertado de seu túmulo, e surge nos dias modernos.


 
Exatamente por ser mais uma parceria entre Depp e Burton, "Dark Shadows" já vinha causado comentários de opiniões completamente opostas, como citado a cima. Há quem mal podia esperar por essa estréia devida parceria e quem não queria nem ver por esse mesmo motivo.  

Mas o filme estreou para alegria de uns e desconforto de outros. E inicia com um enredo interessante, mas realmente se perde ao longo da estória.  Com efeitos absurdos que mais parecem os famosos "defeitos especiais", em certas cenas você vê mais como um erro proposital de Photoshop.  Porém, há detalhes que foram muito bem investidos e resultaram magnificamente como o cenário e os figurinos impecáveis. Impossível não admirar também a maquiagem das personagens, tão bem criadas e executadas como de se esperar nas obras de Burton.  A fotografia é o que mais encanta nesse longa metragem. Os tons azulados, apagados e quase sem vida, contrastam com cenas de iluminação intensa e viva. O vermelho presente em tantos detalhes no filme ilumina como fogo flamejante na escuridão, enfeitiça sendo em um vestido sexy ou em um simples abajur. Impossível não citar também o primor que se tornou a combinação setentista com o goticismo, e, o humor com o ultra-romantismo presentes a todo momento na película. Inegável que a direção de arte foi muito feliz com as bizarrices chamativas sem se sobrepor ao desenvolvimento da trama. Outro ponto extremamente positivo do filme, talvez um dos que  mais agradaram o público de uma forma geral, foi a brilhante trilha sonora de "Danny Elfman". Quase inevitável não se agradar com a sábia e bela escolha e não dar os devidos méritos a ele, que merece sem dúvidas destaque.

O que impediu então "Dark Shadows" de alcançar suas ambições? O roteiro fraco de Seth Grahame-Smith, que foi muito infeliz nesse filme.
Criador de um enredo que foi apressado de forma demasiada e mal resolvida. Com diversos aspectos vagos e imprecisos, deixou cenas confusas e estórias desnecessárias à trama.  Acrescentado de algumas piadinhas dispensáveis postas em momentos inoportunos.
Mas aproveitando o comentário sobre as piadinhas, algumas saíram muito bem encaixadas e é quase impossível não rir com o desajeitado vampiro perdido em outra época, deixando-o antiquado e por vezes cafona. A brincadeira com o logo do McDonald’s por exemplo, também saiu genial.
Agora voltando ao roteiro "fail" de Seth, mesmo com o cenário, maquiagem, etc, já ditos, terem sido impecáveis, a estória em si pareceu ter sido deixada em segundo plano: fraca e com o baixo desenvolvimentos dos personagens, os mesmos acabam não ficando tão interessantes, e consequentemente deixam de prender a atenção do telespectador.
Personagens que poderiam ter sido bem desenvolvidos, acabaram por servir mais como enfeites. O roteiro pobre não valorizou muito as atuações. Bella Heathcote, mesmo com seu ar fantasmagórico e sua voz peculiarmente melancólica que poderiam ter sido aproveitados ao máximo para o papel de "Victoria Winters’’, acabou é ficando com uma atuação a lá "Bella Swan’’, sem expressão e sem graça. Até mesmo Helena Bonham Carter que é uma atriz incrível, não foi valorizada em sua personagem que poderia ter sido enfatizada.
Michelle Pfeiffer, fez seu papel com o explendor esperado, mas tão sem importância que a fez passar quase que despercebida.
Os grandes destaques ficaram então para Johnny Depp e seu "Barnabas Collins". De forma excêntrica como era de se imaginar, ele preenche com perfeição seu papel de vampiro clássico.
O segundo destaque fica para Eva Green, que com (a ajuda ou não de) um roteiro que com ela foi um pouco mais feliz, atuou de forma majestosa a bruxa "Angelique Bouchard". Green encarna uma "Femme Fatale", sexy e explicitamente obsessiva de amor.  Obsessão que faz diferença na narrativa. Esse amor descontrolado é exposto de forma a mostrar o quanto ele pode construir e destruir coisas e vidas. Angelique é tudo o que uma mulher (moderna ou não) gostaria de ser se fosse uma bruxa. Infelizmente seu papel é praticamente destruído por um final com efeitos totalmente de mal gosto e desnecessário, mas, não tiram seu mérito como atriz.
Quero deixar claro também que Chloe Moretz, com suas aparições engraçadas e irreverentes também conseguiu roubar um pouco a cena, mesmo eu não achando suas atuações dignas o suficiente, ela foi bem aproveitada nesse longa. Pecou apenas com sua transformação desnecessária e sem lógica ao final do filme.
E, por fim, não poderia deixar de citar Hanna Murray, mesmo que com sua participação pequeníssima, que surgiu como hippie de um grupinho característico da época passada no filme.

As opiniões extremas de amor e ódio mesclam com um filme que apresenta pontos tão altos e tão baixos. Entretanto é impossível negar que quando se trata de Burton e Depp, há sempre aquela pontinha de curiosidade pra ver o que virá por aí, independente se você espera muito ou pouco do filme.
Mas uma coisa é certa, haverá algo em "Dark Shadows" que irá te apaixonar. Um ator, uma cena, um cenário, uma maquiagem...assim como é certo que algo você irá odiar.

Detalhe adicional da autora: é extramamente notável as referências no filme à Nospheratu, Morticia ou mesmo Drácula. Se fosse brasileiro, até Morgana teria suas características sobrepostas aí.

 
 

Diretor: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Michelle Pfeiffer, Chloë Grace Moretz, Eva Green, Jonny Lee Miller, Gulliver McGrath, Jackie Earle Haley, Bella Heathcote, Christopher Lee
Produção: Christi Dembrowski, Johnny Depp, David Kennedy, Graham King, Richard D. Zanuck
Roteiro: Seth Grahame-Smith
Fotografia: Bruno Delbonnel
Trilha Sonora: Danny Elfman
Duração: 113 min.
Ano: 2012
País: EUA
Distribuidora: Warner Bros.





Trailer: 

5 comentários:

  1. Concordo em tudo que vc disse! Realmente o roteiro foi bem fraco. Mas a fotografia e a Direção de Arte estavam impecáveis.

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  2. Pois é Ricardo, e isso pra uns causa um equilíbrio, mas pra maioria um dos lados pesa mais, por isso tanta discórdia sobre ser bom ou ruim esse filme.

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  3. Ainda não vi esse filme, estou curioso desde os trailers! mas realmente está dividindo opniões, meu amigos, por exemplo, nenhum quer ir ver comigo! kkkkkk

    Fico triste em saber que o filme não está agradando tanto, pq algo sair ruim da parceria Burton&Depp realmente é muito diícil!

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  4. Realmente Jean, é difícil. Mas acredito assim, todos os diretores estão sujeitos a ter seus momentos gloriosos, quanto os não tão bons assim.
    Burton tambem tem esse ''direito''.

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