Confie, mas confira!
Depois de um hiatus, “Arrow” está de volta! Não dando o andamento que todos nós
pensávamos que seria dado após os episódios bombásticos de final de ano, mas
mesmo assim cumprindo bem a lição de casa de nos entregar episódios redondos,
coerentes, e que mesmo seguindo a linha procedural, serviram muito bem como
entretenimento da melhor qualidade.
Claro que é normal que todos fiquem um pouquinho
desapontados por não ver nada do Malcolm se desenvolvendo, exceto alguns plots
avulsos para enfatizar o quão canalha o homem é, mas acredito que o foco disso
ficará mais para o final da temporada mesmo. De quebra, o drama de “pai canalha
– filho insatisfeito” instaurado entre Malcolm e Tommy, serve para nos dar uma
informação no mínimo intrigante: Malcolm passou dois anos da infância de Tommy
desaparecido. Por enquanto, não dá para saber o que realmente isso significará
na mitologia da série, mas é fato que essa informação foi plantada ali por
algum motivo, e é bom mantermos isso em mente daqui para frente, principalmente
se quisermos entender o surgimento do Arqueiro Negro e as pretensões dele para
com Starling City.
Antes de falar dos episódios em si e dos “casos da semana”, é importante também
darmos uma parada para pensar sobre os flashbacks mostrados de Oliver na ilha.
Os dois episódios funcionam perfeitamente como uma seqüência linear de fatos no
que se refere ao flashbacks, partindo do ponto da captura de Yao Fei. O mestre
do arqueiro, diga-se de passagem, vem se mostrando um dos personagens mais emblemáticos
e misteriosos da série. Desde a review anterior me questiono do motivo de
Oliver ter conseguido escapar da ilha e ele não, e no fim das contas, talvez
logo isso nos será respondido. Ainda duvido dessa historia de ele estar
envolvido com a milícia, como o episódio quis mostrar, para mim, na verdade,
isso não faz o menor sentido. Mas vamos aguardar pra ver aonde a trama irá nos
levar, e em breve discutimos o assunto.
Os dois episódios serviram como um, prato cheio no que se
diz respeito a desenvolvimento de bons procedurals, com bom argumentos e
embasamentos bem críveis para a resolução de ambos. O primeiro, contando o caso
do bombeiro, para mim talvez tenha sido um dos “casos da semana” mais legais até
hoje. Realmente não esperava no que o assassinato de bombeiros em série poderia
acrescentar a trama, e na verdade não acrescentou nada, mas a história foi toda
tão bem amarrada ao seu próprio universo que não tem nem como reclamar. Quer
coisa mais improvável do que ter como suspeito um homem já morto? Conhecendo
todo o desenvolvimento dos personagens, esse fato na verdade se tornava a opção
mais óbvia e surpreendentemente coerente dentro do contexto da trama da semana.
Em um incêndio há anos atrás, um bombeiro é deixado para morrer por seus
companheiros e depois volta para se vingar de um a um. Ok, a história não é tão
original e é bem diferente do que vimos até hoje por não ter nenhum
envolvimento com a lista de nomes de Oliver, mas o episódio foi construído de
forma bem feita, envolvendo até o sentimentalismo de Jo, a melhor amiga avulsa
de Laurel, e botando em pauta mais uma vez
a perca de anti-queridos.
A história também serviu para uma reaproximação entre Laurel e Oliver. Ainda
parece difícil ver os dois como um casal propriamente dito, mas acredito que os
roteiristas estão trabalhando para que isso aconteça em doses homeopáticas. Agora,
pelo menos Laurel tem um canal direto de comunicação com o Arqueiro através do
celular deixado por Oliver para o detetive Lance, e muito provavelmente isso
servirá como uma forma de reaproximar os dois fazendo-os trabalhar em equipe. Mesmo que
esse contato seja de Laurel com o Arqueiro, e não com Oliver por assim dizer.
Nem preciso comentar a canalhice tamanha do detetive Lance
para cima da própria filha, né? Estava realmente achando que o fato de ele
deixa-la com o celular de Oliver era para mantê-la em segurança, e comecei até
a achar que daí poderia surgir uma parceria entre os dois, mas usar a própria filha
como isca é demais para o gosto de qualquer um. Fora que toda essa perseguição
de Lance contra o Arqueiro, se torna cada vez menos coerente quando os próprios
noticiários dão conta de que a cidade é mais segura com ele.
E se a história não andou muito em questão de enredo, não
podemos negar que nos fatores psicológicos tivemos muito desenvolvimento,
principalmente para o nosso protagonista. Após quase perder a vida, Oliver
mostra que sua humanidade ainda é latente por mais que muitas vezes ele possa
parecer uma “máquina de justiça”. Oliver preferiu até aposentar os trajes de
Arqueiro para se dedicar mais a família, e para pensar e repensar se arriscar
deixar seus familiares sem seu apoio, caso algo aconteça com ele, vale mesmo a
pena. Fora isso, foi trabalhada toda essa questão da perca de confiança nas pessoas
por parte de Oliver no episódio “Trust, but verify”. Desconfiança proveniente
do que aconteceu na ilha, no qual ele quase deu a vida por Yao, para no fim das
contas ele não valer tanto a pena.
Diggle, nesses episódios se divide entre o personagem mais sábio,
responsável por manter Oliver com os pés no chão e o encorajar a voltar a
ativa, e entre o personagem mais inocente também ao arriscar a própria vida por
alguém que mal conhecia. Exatamente como Oliver fez na ilha. Se formos pensar
bem, parece uma das maiores burrices Diggle duvidar da veracidade da lista só
porque em algum dado momento eles foram companheiros de guerra, quando está
mais do que óbvio que todo nome está lá por algum motivo bom o suficiente para
exigir justiça. Mas por outro lado, uma das pautas do episódio 11 foi
justamente a desmistificações de heróis que muitas vezes criamos ao longo da
vida, e como é difícil desfazer a imagem imaculada deles na nossa mente. Oliver
via em Yao um herói, até ser apunhalado pelas costas. Diggle via em Ted um herói,
até saber quem ele realmente era. E
nessa mesma onda, Oliver via seu pai também um herói, e agora Moira grita aos
quatro ventos que ele era um traidor.
Nesse jogo, dou meus créditos a Thea, que dá balão em todos os
personagens adultos da série e começa a notar que Moira esconde algo. Claro que
para uma adolescente, a teoria mais óbvia é que sua mãe é uma mulher infiel, e
não uma mafiosa, mas mesmo assim ela se torna a personagem mais perto da
verdade. Porém, Thea não seria Thea se não acabasse com toda sua credibilidade terminando presa por dirigir sob efeitos de drogas, e acho que agora será bem difícil a moça ter
os ouvidos do irmão para ajudá-la na busca pela verdade.
Espero de verdade que os próximos episódio foquem mais em Malcolm como o Dark Arrow, e
seus planos com a cidade. Mas se continuarmos nessa onde procedural, mantendo a
qualidade que a série está mantendo, também irei me dar por satisfeito. Pelo
menos por enquanto.
Não estou curtindo o caminho que a série está tomando. Estou achando algumas coisas um saco! Infelizmente se a série continuar assim, terei que abandona-la no final da temporada e até antes!
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