Feminismo a flor da pele.
Que os contos de fadas estão mais em alta do que nunca, é
inegável. A estréia da série “Once Upon a Time” pulverizou o interesse pelos clássicos
contos da carochinha, despertou o interesse do público e, conseqüentemente, os
produtores de Hollywood estão unindo o útil ao agradável para estourar as
bilheterias mundiais.
Para se ter noção, em apenas dois anos, tivemos a estréia
de OUAT na televisão, a versão cinematográfica da Chapeuzinho Vermelho em “A
Garota da Capa Vermelha”, DOIS filmes da Branca de Neve lançados quase que
simultaneamente, a Bela & a Fera ganhou a sua versão moderna no cinema e
está prestes a ganhar uma na telinha também, e já está sendo rodada a releitura
da Bela Adormecida, com Angelina Jolie no papel da rainha Malévola. Uffa,
parece demais? Pois é, hoje em dia podemos afirmar sem sombra de dúvidas que os
contos de fadas são os novos vampiros da atualidade, ou seja, são as novas
galinhas dos ovos de ouro do cinema, da literatura e dos mais diversos tipos de
mídia
Essa overdose de adaptações me faz pensar até quando a
formula irá durar sem se esgotar, e me deixa com o pé um pouquinho atrás a cada
lançamento que eu vejo sendo anunciado. No caso da Branca de Neve, os meus
temores eram ainda maiores, porque já temos uma versão de gosto duvidoso lançada
em forma de película: a estrelada por Kristin Kreuk de 2001, e a uma versão cômica
mais recente:“Mirror, Mirror”, que tem Julia Roberts interpretando a Evil Queen
de forma inusitada. Esse segundo me gerou um incomodo imediato, pelo excesso de
cores e adereços, que beiram o trash em toda sua abordagem, e também por ser um
filme claramente feito para não ser levado a sério se agarrando ao nicho humorístico
(digo isso pelo material promocional divulgado).
Mas “Snow White &
The Huntsman”, surge como um contraponto a essas duas obras, nos presenteando
com um filme que é como um colírio para os olhos, tanto pela fotografia, quanto
pela obra geral, que é primorosa! Tudo o que você já viu sobre a história da
princesa mais famosa de todos os tempos é colocado em uma nova e original perspectiva.
De longe, a melhor adaptação de um clássico infantil para o cinema, o filme dá
a tão conhecida história novos traços para se desenvolver de forma madura. Charlize
Theron dá vida a Evil Queen, que aqui ganhou a alcunha de Ravenna, e Kristen
Stewart encarna uma Branca de Neve diferente de todas as que já vimos. Diferente
de “Mirror, Mirror”, a obra assinada por
Rupert Sanders, busca tornar a história mais palpável, mais realista e menos
forçada, transformando toda a trama em uma aventura épica, forte, e em alguns momentos ate sangrenta, mesmo que implicitamente, algo muito semelhante a
abordagem de Robin Hood dos cinemas. O mais interessante é que apesar de tantas
mudanças na abordagem e temática, a história não perde a identidade clássica
que todos nós conhecemos. A Branca de Neve está lá, assim como descrita nas
obras do Irmãos Grimm, a sua madrasta feiticeira continua intacta, a maçã envenenada,
os setes anões, o caçador, o Príncipe Encantado, tudo no seu devido lugar, mas
agora, esse emaranhado de fantasias fazem algum sentido e tem um motivo para
ser o que é.
Ravenna, a nova versão da Evil Queen, pode ser facilmente
destacada como a personagem mais intensa da obra, e devo dizer que Charlize
Theron está tão impecável e confortável na pele da malfeitora, que nos faz
aplaudir em pé a cada cena interpretada. A profundidade que a personagem ganhou,
é uma coisa totalmente coerente e cabível. Nas histórias infantis, tudo é
extremamente superficial e simples (como deve ser), mas aqui Ravenna é uma personagem
que traz consigo uma bagagem, uma história e uma lenda que já atravessa gerações,
e seu ódio pela Branca de Neve não é algo gratuito. Em seu mundo de maldades e em
sua verdade, ela tem uma razão para querer a herdeira do trono morta, e tem uma
razão ainda mais forte para querer ter sua beleza intocável, deixando claro que
ela não é uma simples narcisista caprichosa e veneradora da beleza, como é
comumente retratada.
Kristen Stewart, acredito que aqui deixará muita gente
surpresa, pois se não for primorosa, sua interpretação é no mínimo aceitável. A
tão conhecida “falta de expressão”, aqui já não é algo incomodo, e ainda não
sei dizer exatamente se estava totalmente extasiado por tudo que estava vendo
em tela, ou se Kristen realmente conseguiu cumprir com a lição de casa e
desempenhar um papel excelente. Aliás, quem menosprezou a beleza de Kristen em
comparação a Charlize, é porque não viu a moça em cena. Kristen é a
personificação perfeita da Branca de Neve.
Pondo em pauta o seu perfil Snow não é
a personagem mais intensa, nesse quesito ela come poeira em relação a Ravenna, mas
não há como negar que ela é uma personagem totalmente cativante, e talvez a que
mais cresça ao longo do filme. A personagem começa de forma simples, até um
pouco ofuscada como a já tão conhecida “princesa ingênua e injustiçada”, que
aqui é também aprisionada no alto da torre, relembrando outras princesas como
Rapunzel, mas ao longo do filme se torna uma espécie de chave, uma revolucionária
de toda uma geração que vivia na miséria, e com todas as letras, uma forte heroína legítima
com o claro objetivo de salvar seu povo.
Se fizermos uma analogia um pouquinho mais profunda da
personagem, fica claro que a intenção do diretor foi colocar Snow White como um
retrato fiel da mulher atual. Cada vez se torna mais raro encontrarmos mulheres que
ficam em casa se embelezando, esperando sempre o marido chegar, com a
janta pronta, ou então que estão a espera do príncipe encantado e do homem
ideal. As mulheres não se identificam mais com esse estereótipo de princesa, as
mulheres hoje em dia são decididas, vão a luta, não ficam esperando serem
salvas, elas agora são guerreiras e querem batalhar! E é exatamente isso que a
nova Snow White transparece, o que permite uma identificação sem igual da
personagem com o público moderno. Uma princesa aos moldes tradicionais,
dificilmente causaria o mesmo impacto.
Por outro lado, a única crítica que realmente pode se
apresentar, é em relação ao desenvolvimento dado ao triângulo amoroso entre o
Caçador, Branca e o Príncipe encantado, ou a tentativa da mídia em vender que esse triângulo existia. Não há embate, não há conflito, a decisão
de Snow entre o seu parceiro parece clara durante todo o longa, e todas as vértices
desses triangulo soam um tanto quanto frágeis, vulneráveis e vazias. Mas não
posso dizer certamente que esse tenha sido um defeito no filme. Quiçá esse “defeito”
tenha sido proposital, como mais uma tentativa dos produtores de retratar a
mulher atual. Quem disse que hoje em dia as mulheres precisam estar sempre
divididas e propensas a cair de cabeça em uma relação amorosa como o ideal de final feliz? Muitas
delas são auto-suficientes, tem outros focos e não se sentem dependentes de uma
relação, e podem muito bem ter seu reino sem um rei para dividir o trono.
Essa releitura, obviamente foi feita para ser uma aventura com
foco no público masculino, mas pondo todos esses aspectos em perspectiva, fica
muito claro que “Snow White & The
Huntsman”, nada mais é do que um grito feminista implícito, mascarado por uma
trama acionaria com traços épicos da melhor qualidade!
Verdadeiramente existe um grito feminista no filme, mas o gostoso da historia em questao eah que essr grito nao se esboca preconceituoso, como cumumente vemos em outras obras.
ResponderExcluirEsta nao eah uma releitura qualquer de conto de fadas, eah uma obra feita para instigar ainda mais a imaginacao dos jovens apreciadores e porque nao dizer adoradores dos contos de fadas lidos na infancia... Posso dizer por mim mesma que aprendi com os contos a deliciosa arte de interagir com o imaginario e o real em concordancia. Jean Fulaneto, parabens pelo escrito que muito acrescentou a critica do longa.
(aos amantes do portugues como eu, peco desculpas pelas faltas de acentuacoes necessarias em meus dizeres, mas justifico-me implacando que esta postagem tanto chamou-me atencao, que nao pude esperar chegar em casa para comentar. Nao que muito bem justifique, mas o trecho foi escrito via celular, tecnologia da qual deixa a desejar em alguns aspectos.. Mas enfim, sem mais delongas, e extensoes, agradeco ao Jean pelo passivel acrescimo literario a respeito de snow white & the huntsman.
Muito obrigado, Daiane!!!!!!
ExcluirFico muitofeliz d ever que você gostou do texto! É sempre bom quando as pessoas gostam doq ue a gente faz! Continue visitando o blog e comentando por aqui! Sempre bem-vinda! ;)
Charlize Theron estava muito bem no papel. Na questão no triangulo amoroso acho que não foi mais desenvolvido pois o foco era a história do Caçador e sua relevância para a história da Branca de Neve.
ResponderExcluirEntretanto, não me agradou o desenvolvimento narrativo do filme, pois a coisa só começa a ficar interessante mesmo nos últimos minutos quando há o momento do virada. Não sei se foi uma escolha deliberada, mas as coloração dos plot dentro do roteiro não ficou bem estruturada.
Mas, outros aspectos técnicos, principalmente a fotografia, não deixaram a desejar.
Enfim, Snow White & The Huntsman presta seu serviço como entretenimento e ainda fica atrás no quesito obra de arte.
Já eu, acho que ele sem na frente nos dois quesitos, e com maestria!!!!
Excluiresperava que o filme fosse me entreter e ponto, mas saí do cinema totalmente fascinado com tudo! Gostei tanto, que enquanto assistia já estava maquinando escrever sobre ele!
É muito de pessoa pra pessoa, mas eu fiquei totalmente VIDRADO no filme desde a introdução, até o final. Antes do embate da "virada", já estava encantado com o filme pela mitologia que ele desnvendou, tanto que se ele terminasse ali eu já ia me dar por satisfeito. A revolução e a guerra, pra mim só foram a cereja do bolo!
E que cereja, não é mesmo?!
Excluiro simples fato do "autor" se ater a fidelissima nostalgia do conto principal, e a ascepção ao tão ludico e previsivel desenrolar da trama, fez com que eu me entregasse tão pura e solenemente ao mundo fantastico e ao mesmo tempo real de Snow White & The Huntsman. Adoraria ter tido o privilegio de assistir este longa na minha infatojuvenil-adolescencia, mas por despautério do destino tive que aguardar todo este tempo para vislumbrar-me com tal "obra".
Jean fulaneto, não posso deixar de elogiar você referente ao texto que escreveu sobre o filme branca de neve. A escrita esta super interessante deixando o leitor de alguma forma com sede de ler todos os trechos seguintes. está realmente de parabéns! E fechou com chave de ouro. Adoreii! .;)
Excluir"Quem disse que hoje em dia as mulheres precisam estar sempre divididas e propensas a cair de cabeça em uma relação amorosa como o ideal de final feliz? Muitas delas são auto-suficientes, tem outros focos e não se sentem dependentes de uma relação, e podem muito bem ter seu reino sem um rei para dividir o trono."
Pois é! Mas é legal ter várias versões de uma mesma historia, até mesmo para vermos como uma mesma obra pode ser vista de diferentes angulos e sob as mais diversas perspectivas. Procurem o trailer da versão com a Julia Roberts pra vcs verem, jé é outra abordagem TOTALMENTE diferente, outra proposta....
ExcluirDyana: Brigadããããããããããããão mesmo! Fiquei super feliz com teu comentário! *-*
Concordo com a Dyana, fechou com chave de ouro!
ExcluirParabéns.
Agora minha opinião sobre o filme...você já conhece. rs'
achei o filme bonito, bem feito visualmente falando. mas a historia deixou muito a desejar, fraquinha :T agora a Charlize ahazou, interpretação de primeira categoria! a Kristen e o Chris ficaram na zona de conforto, não foram ruins mas tbm não foram espetaculares (nem sei se o Chris é capaz de ser espetacular, pq né, ruinzinho ele kkkkkk) e o casal foi muito mal explorado, infelizmente, pq eu achei o contraste interessante '-'
ResponderExcluirGostei do filme mas pra mim a Kristen continua tão péssima e sem expressão como sempre... na cena que ela tenta convencer os soldados a lutar eu só pensava, cala a boca! não convence mesmo... quando ela foi coroada Rainha parecia que estava morrendo e não emocionada com o acontecimento... enfim! pra mim ela simplesmente não sabe e nunca vai aprender a atuar... tirando esse incoveniente é um filme bom, gostei, bons efeitos, peca um pouco no roteito tb, mas roteiro nunca é perfeito, rsrs... bjs...
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