[FIRST LOOK] Arrow

“Muito prazer, Arrow, a melhor série da Fall Season.”

E enfim chegamos ao momento de comentar e nos deliciarmos com a série que mais prometeu durante toda a fase de preparação para fall season, tanto pelo material promocional apresentado quanto pelos comentários da crítica americana especializada. 

Já há um bom tempo que Arrow vem circulando nas mais diversas listas que classificavam ela como a melhor série da fall season, e quem está ligado nesse mundo sabe que para a CW ter uma série sua elogiada pela crítica, é algo MUITO grande. Mas o fato é que o hype criado em torno de Arrow já é anterior aos comentários críticos. Obviamente a série veio em uma clara tentativa de resgatar o público perdido com o final de Smallville, pois além de se tratar de uma série de um super-herói famoso, o Arqueiro Verde já era figura muito importante e presente na série de Clark Kent.

Contudo, se fosse para abrirmos um comparativo, toda a narrativa e climatização de “Arrow” é muito mais próxima da mais recente triologia do Batman do que de Smallville de fato. Começando pelo fator de que na série do Arqueiro, é contada a sua origem, mas não é focada na sua adolescência como foi feito com Smallville. A série tem um apelo muito mais adulto e também mais pretensioso e sombrio, deixando claro que irá satisfazer de forma muito convincente o público fã de boas seqüências de ação que tenha um embasamento narrativo forte o suficiente para manter o interesse além dos efeitos especiais. A história é forte e apresenta ter muita coisa a ser explorada e já promete que irá trazer muitos twists surpreendentes. Afinal, apesar de não parecer, é uma produção genuinamente da CW.

A narrativa conta a história de Oliver Queen, um milionário festeiro e inconseqüente que desaparece durante um acidente náutico na lancha de sua família, e após cinco anos desaparecido, volta totalmente mudado e com sangue nos olhos para livrar sua cidade dos malfeitores que a rodeiam. Até aqui parece tudo muito simples, mas o background do tema vai muito além disso. Apenas pelo piloto já pairem vários mistérios no ar, como: o que havia naquela ilha, com quem Oliver aprendeu todas as suas habilidades, o que ele  viu lá que o aterrorizou tanto e também qual é o fator que o motivou a fazer justiça com as próprias mãos em defesa de sua cidade natal. Só o que temos claro é que o pai de Oliver, que morreu no acidente, tem uma parcela de culpa muito grande em tudo o que a cidade passa, e aparentemente deixou a responsabilidade para que esses erros fossem corrigidos nas mãos do rapaz, que agora assume a identidade do Arqueiro. Quais são esses fatos e como eles estão relacionados ainda não foi revelado, mas a  caminhada de Oliver, munido de sua agendinha “Revenge” através da qual irá caçar nome por nome ali descrito, será no mínimo promissora.

Cada detalhe em Arrow me encantou e digo sem sombra de dúvidas que amei cada segundo desse piloto! Arrow é uma série elegante, acho que essa é a palavra certa para descrevê-la. Desde os detalhes técnicos como a fotografia impecável, os cenários, a climatização, e até mesmo os personagens. Tudo parece ter sido escolhida de forma simétrica e milimetricamente calculada.

Aliás, os personagens são interessantíssimos! Oliver é um herói diferente, não é idealizado como Clark Kent. Na verdade é um canalha de mão cheia, ao ponto de trair a namorada Laurel (Katy Cassidy) com a própria irmã, também morta no acidente de lancha e agora agir como se não se importasse com ela, mesmo sendo óbvio que isso é apenas proteção. Laurel, por sua vez, é uma mocinha forte, decidida, confiante, e auto-suficente ao ponto de ser uma advogada com a ousadia de lutar contra os mais perigosos magnatas de Starling City. Já de cara, parece muito menos fragilizada do que a lendária Lana Lang, e vejo um potencial muito grande de crescimento para ela. E como todo super herói tem um melhor amigo, esse posto aqui é ocupado por Tommy, que cumpre muito bem o seu papel e ainda nos diverte muito em cena, fazendo referencias e tirando sarro da cultura pop atual, com citações que vão desde “Lost” até “Twilight”. Como não se divertir?

Apesar de toda força e mistérios por traz da saga do Arqueiro, como ponto de equilíbrio

ainda teremos espaço de sobra para os dramas pessoais e de relacionamento entre os personagens. Logo de cara, como grande parte de toda boa narrativa, já foi deixado a promessa de uma triangulo amoroso entre Oliver, Laurel e Tommy, com a diferença que ao que parece ele não será chato e clichê como sempre são. A relação entre Laurel e Oliver é muito mais conturbada do que parece. Obviamente os dois tem fortes sentimentos entre eles, mas na mesma intensidade que eles se amam, a relação é marcada por ressentimentos, rancores, e uma traição que acarretou na morte de Sara, a irmã de Laurel. Nada traduz mais o que Lauren sente do que a parte em que ela diz algo como: “Eu não podia ficar com raiva porque ela estava morta. Eu não podia ficar de luto, porque eu estava com raiva.” demonstrando como a traição de Oliver a deixou devastada. Detalhes como esse, mostra que Arrow talvez seja o drama mais profundo no momento na grade da CW.

Então a pergunta final é: Todo esse hype em torno de Arrow é realmente válido? Com toda a certeza sim! A série tem tudo para crescer e ser a nova galinha dos ovos de ouro da CW, e se bem trabalhada, tem tudo para mudar a percepção do público em relação a emissora, conhecida principalmente pelas suas produções direcionadas ao público adolescente. Se souberem manter a qualidade ao longo da temporada temos tudo para estarmos vendo o maior hit de 2012/2013 com grande potencial internacional e com possibilidades para se estender por várias temporadas. Sem dúvidas continuarei e já classifico ela como uma das minhas séries favoritas do momento.

P.S: Minha única crítica vai em relação a trilha sonora (ou a ausência dela). Faltou uma sonoridade para guiar a história e algo semelhante as músicas de “Smallville” deixaria a série ainda mais redonda. Mas isso provavelmente seja providenciado com o tempo.