Ewings, unidos, jamais serão vencidos!
Conforme havíamos previsto, a morte da lenda J.R realmente marcou a história de
Dallas. Marcou por termos perdido um personagem tão querido e significativo,
mas marcou muito mais por ter colocado a cabeça dos produtores para funcionar
de forma absurda e trazendo para a gente a melhor trama que poderíamos imaginar
para Dallas, transformando também essa tragédia em um verdadeiro divisor de águas
para a abordagem da história. A principal mudança se dá ao fato de que agora o
plot principal não é mais das trocas de farpas e brigas familiares de poder
entre os Ewins, mas sim a sua união para derrotar um inimigo em comum e com
sangue nos olhos. Bom, na verdade dois inimigos em comum, que são provavelmente
a dupla mais inescrupulosa que já conheci na história das séries.
Ryland e Barnes tem ambos fortes motivos para querer ver os Ewings no chão. Cliff
por questões de ganância e uma rixa que já atravessa gerações, e Harris pelo
mais recente desafeto de perder de vez sua filha para a família Ewing, da onde
ela nunca deveria ser saído. A união de dois personagens tão repugnantes, já
fazia as minhas expectativas saltitarem, mas o que essa união trouxe de
concreto para a série foi além do que eu poderia esperar. Cliff,
definitivamente assume o posto de vilão maior, frio e calculista, se tornando
um verdadeiro monstro, mesmo pouco aparecendo. Não acompanhei a série original,
mas sempre sobre do mau-caratismo de Cliff, só não poderia esperar que seu ódio
pelos Ewing e sua sede por poder e (mais) dinheiro, fosse maior do que os seu
laço paternal com Pamela, e que fosse capaz de colocar a vida da própria filha
e dos netos em jogo. Cliff
não titubeou em colocar em ação o plano da sabotagem na plataforma de metano, e
titubeou menos ainda ao explodi-la, mesmo tendo plena certeza de que Pamela
estaria a bordo da plataforma. Quem não tem amor a própria filha gestante,
definitivamente não tem escrúpulos e amor a nada, então é bom os Ewings abrirem
ainda mais aos olhos contra Cliff.
Ryland, por sua vez, não fica nada atrás na corrida pelo posto de quem é mais
mau-caráter. O personagem já é alvo de desafeto de todos desde o início da série,
mas em minha inocência, conseguia visualizar-lo apenas como um ser desprezível
e intragável, mas agora já o visualizo como um ser que definitivamente não pode
ser considerado humano. A luta de Harris contra os Ewings se dá mais para as
questões emocionais, mas muitas vezes questões passionais podem ser ainda mais
letais do que a própria ganância. Harris grita aos quatro ventos que quer Emma
de volta para os seus braços, mas começo a me questionar se essa obsessão por
ter a filha de volta está realmente ligada ao amor de pai, ou simplesmente ao
fato de querer causar na vida de Ann um inferno. Não tem lógica um pai que realmente quer reconquistar a filha,
espancar o seu namorado só pelo fato de não ter ido com a cara dele, e ainda
assumir o crime para a filha como forma de alerta. Harris quer Emma com ele,
ela estando feliz ou não, por livre espontânea vontade ou por pressão, contanto
que Ann sofra no fim das contas.
Falando em Drew, apesar de ele não ter muita relevância na trama e ter sido o
responsável pela morte dos bebês de Pamela, começo a me simpatizar com o
personagem. Drew pode ter feito a maior burrada da sua vida em aceitar o serviço
de sabotagem, mas no meio de tanta cobra criada, Drew foi mais uma vítima, sem
ter a mínima noção da onde o seus atos poderiam chegar. Na verdade, Drew não
teve muita escolha. Ryland estava mesmo disposto a por a vida de Elena em jogo,
e será mesmo que algum irmão teria agido diferente do que Drew agiu? Me
simpatizo com o personagem por ele ter profundidade, e ter sido uma verdadeira
vítima dos socos que a vida lhe deu durante todos os anos, e aparentemente até
quando Drew quer acertar, ele tende a cometer os mesmos erros, seja com Emma, seja se enrolando cada vez mais em trabalhos sujos. Ele vê em Emma
uma chance de viver um sentimento verdadeiro e feliz, mas por mais que eu
simpatize com Emma, já começo a sentir que talvez ela seja um problema maior do
que pensamos. Em poucos episódios, o que fica notável é que Emma é uma ninfomaníaca
de mão cheia, pois já se engraçou e chegou aos finalmentes com John Ross,
iludiu Drew e já se pegou com um idoso no bar. E isso em o que? Três ou quatro episódios? Sue Ellen está certíssima
em esclarecer para Ann que apesar de ela amar a filha, existem 20 anos da vida
dela que ninguém conhece, e sabe se lá pelo que a garota passou nesses anos.
Agora focando nos protagonistas, devo dizer que definitivamente acho muito mais
interessante vê-los unidos do que um contra o outro (que também era divertidíssimo).
Sempre pensei até quando essa briga interna poderia ser interessante, e após a
morte de J.R, minha preocupação aumentou. Portanto fiquei feliz em ter uma nova
perspectiva na série, e muito mais interessante agora. John Ross, agora que
também é dono de parte de Southfork, parece não ter mais motivos para querer
destruir Bobby e Chris, o que o deixa totalmente livre para se unir a eles e
por o plano de J.R em ação para destruir Cliff e Harris. Por enquanto, o que
fica claro é que eles estão comendo poeira nessa corrida, e cada vez mais as
chances de virada parecem diminuir, principalmente agora que Harris contra até
com o apoio do governo para fazer o trabalho sujo. A única luz de esperança que
nos resta está no retorno de Pamela Barnes (a original), que esperamos ansiosos
para voltar sambando na cara da sociedade e se unindo aos Ewing. Aliás, nunca
ninguém tinha pensado que Pamela poderia ter parte das ações da empresa de
Cliff, já que elas foram obtidas através de herença, o que faz de Chris também
um herdeiro. Se tudo der certo, realmente será uma jogada de mestre para dar a
vantagem aos Ewing.
Por outro lado, deixar a nossa família do bem em posição de
derrota, é bem importante e até bacana para vermos a humanização dos
personagens. Nesse jogo, John Ross passa a ser o maior destaque, mostrando que
não é totalmente o monstro que parece ser, e que se importa e muito com
Pamela/Rebecca. Meu grau de simpatia pelo personagem, e consequentemente pelo
casal, aumentou absurdamente ao ver os cuidados sinceros e preocupação de John
Ross com nossa quenga favorita, coisa que Chris passou longe de fazer.
A humanização de Chris surpreendentemente funcionou de forma reversa, trazendo
a tona um personagem que em meio a dor se revela ocultamente egoísta e até
insensato. Que tipo de pessoa, tendo uma mãe em luto, iria ter cabeça e a
pachorra de tentar falar de negócios e pedir para ela servir de espiã do próprio
pai? Isso, somado aos absurdos que ele
falou para Elena, diminui a minha simpatia pelo personagem no mesmo grau
que aumentou para John Ross. Compreendo o momento delicado de Chris, e sei que
logo que tudo isso passar ele voltará a ser o bom moço de sempre. Mas isso só
reforça que todos os personagens são humanos. Com erros e acertos, com mais
canalhice ou com menos, mas humanos.
Resumindo tudo, não poderia estar mais feliz com Dallas, que
parei de ver apenas com os olhos da cretinice, mas que hoje consigo enxergar
como uma série realmente consistente e com muita coisa a ser explorada!
P.S: Então quer dizer que nossa Pamela herdou O "Pamela" da mãe e o "Rebecca" da avó? Da pra ser mais cafona?
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