Hoje é dia de rock, bebê!
Faz pouco mais de dois anos que o mundo underground e também
parte do mundo “mainstream” parou para voltar os seus olhos para uma garota de
16 anos, sem pudor, e que subia no palco vestindo a sua melhor lingerie para
entoar os versos: “Hey there Father, I don’t wanna bother you, but I’ve got a
sin to confess”.
As atitudes de Taylor Momsen, hoje com 18 anos, sempre foram
do tipo da qual deixariam qualquer pai de cabelo em pé, porém, ao mesmo tempo
orgulhoso tamanho o talento e autenticidade que a moça traz aos palcos. A garota surgiu em
meio a uma realidade onde o pop eletrônico, muitas vezes afogado de auto-tune e
pouco talento, dominava e ainda domina boa parte do cenário musical e, certamente, os mais críticos torceriam o nariz para uma atriz, que se destacou
na mídia por viver uma adolescente mimada na série televisiva “Gossip Girl”.
Porém, bastaram as primeiras notas pesadas saídas da potente guitarra de Ben
Phillips para o mundo ver que a menina não estava para brincadeira, e muito menos
queria apenas aparecer na mídia. “The Pretty Reckless” demonstra diversidade em meio a um
cenário onde tudo é muito igual. Cada nota tocada, o jeito com o qual Momsen
lidera os vocais, e até mesmo o significado trazido por suas músicas, fazem nos
questionarmos se a banda realmente surgiu nas épocas atuais, pois tudo apesar de moderno, nos remete as mais celebres bandas oitentistas/noventistas como
“The Runaways” e por que não a lendária “Nirvana”?
Dois anos após o lançamento do aclamado álbum “Light Me Up”,
Taylor se junta os seus rapazes e nos prestigia com mais uma bela obra-prima: o
EP “Hit He Like a Man”. A qualidade musical trazida nas três músicas inéditas
que compõe a gravação de título sugestivo mostra um lado ainda mais pesado e
sombrio da banda, o que nos prova que TPR jamais será uma banda conhecida
apenas por levar milhares de adolescentes à loucura. “The Pretty Reckless" é
muito mais do que isso!
O EP, composto de cinco faixas, traz três canções inéditas e
o bônus de duas canções já conhecidas do público, porém desta vez interpretadas
ao vivo para pôr à prova ainda mais o talento do quarteto nova-iorquino. E
eles em nenhum momento decepcionam. Veja abaixo o que poderemos encontrar ao
ouvirmos o EP que já está causando sensação em quem já conhece a sonoridade da
banda.
- Hit Me
Like a Man
A canção é um hino puramente “Rock N’ Roll”. Somos iniciados
através de riffs extasiantes de guitarras que são rasgados de forma suave, mas
também potente, pela voz de Taylor que diz “I’m strong, but love is evil”. Sexy e provocante, o que ouviremos a partir
daqui, é o que talvez seja a música mais bem elaborada pela banda, e mesmo que
inconscientemente enquanto a ouvimos podemos visualizar Taylor, provocante como
só ela sabe ser, cantando a canção de forma frenética em cima dos palcos,
munida de suas tradicionais lingeries e cabelos longos. Vale-se destacar que
tanto nessa canção como nas outras faixas, o que podemos notar é uma evolução
tremenda dos vocais da garota, que agora totalmente segura de si, permite-se brincar
com a sua voz como se fosse um instrumento da qual ela tem total domínio.
- Under The Water
A música se inicia de forma extremamente suave, com acordes
de violão e um vocal que nos lembra muito um outra marcante canção da banda:
Just Tonight, single de 2010. Porém, as semelhanças com essa faixa do álbum que nos introduziu ao universo imprudente de “The
Pretty Reckless”, não ultrapassam os 20 primeiros segundos da canção. Aqui vemos Taylor mergulhando em um
mundo muito mais sombrio e melancólico. “Under The Water” é basicamente uma
lamentação. Taylor, aqui representa uma personagem que parece viver em uma
profunda depressão, sem ninguém que possa a apoiar ou remover sua angústia. Angústia
essa que é sentida durante cada palavra entoada. A canção também é um apelo, e
talvez até possa ser encarada como um conselho aos que passem pela mesma
situação da personagem, que uma vez que tanto sofreu, tenta nos advertir para
nos mantermos firmes quando diz “Don’t let the water drag you down” repetidas vezes. Ao longo da faixa, vemos Taylor até se arriscar em um tímido, porém excelente "screamo", mostrando mais uma vez sua segurança frente aos rapazes da banda.
- Cold Blooded
Apesar de não ser melhor que as outras canções aqui
apresentadas, talvez essa seja a que mereça mais destaque e ser ouvida com mais
atenção. É a primeira vez que ouviremos Taylor dividir de forma efetiva os
vocais com seu guitarrista Ben Phillips. A narrativa aqui trazida nada mais
é do que uma provocação dinâmica entre Taylor e seu parceiro de banda. Ambos
replicam um para o outro o quanto pode ser perigoso se envolver com alguém de “sangue
frio”. A canção também exala sensualidade, e é muito interessante ver como a
voz dos dois cantores se casam e se encaixam perfeitamente. Esperamos ver mais
duetos como este em breve!
Fazendo um balanço geral, temos aqui um trabalho que podemos
destacar como muito superior ao anterior, apesar de ter apenas três faixas
inéditas. Não tenho coragem para fazer nenhuma crítica a “Light Me Up” que
também é impecável, e provavelmente ainda veremos muito dele na mídia, já que a
banda acaba de lançar o clipe de “You”, e promete que ainda hoje (09/03/12)
veremos a estréia de “My Medicine". Mas o que vemos nessa nova gravação é um
trabalho extremamente mais maduro, onde todos já sabem quem realmente são e
quais são suas pretensões no cenário musical, e mais uma vez nos surpreendemos
com a maturidade artística de Taylor Momsem, que nem parece ter recém
completado seus 18 anos.
Arrisco-me a prever que “The Pretty Reckless” daqui a alguns
anos poderá ser vista não só como uma banda, mas como um ícone do Rock
alternativo! E quem somos nós para reclamar em épocas tão escassas do bom e
velho “Rock N’ Roll”?
amei!
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