O fim de um ciclo, o início de uma nova fase.
E chegamos aquele momento crucial em Dallas. Aquele momento que todos sabíamos que
chegaria, mas que todos inconsciente e inutilmente torcíamos para que não
acontecesse. A morte de Larry Hagman no
ano passado pegou a todos desprevenidos e tudo o que podíamos fazer era torcer
para que fosse dado um final digno ao personagem mais lendário da história de
Dallas, e quiçá, mais lendário da história da televisão!
Como um presente, o desfecho de J.R na trama não poderia ter sido feito de
melhor forma, e o episódio serviu como uma nítida homenagem ao que J.R significou
para esses tantos anos que Dallas fez história na TV. Tudo era sobre ele, desde
os acontecimentos até a abertura que ganhou um tom fúnebre e melancólico com
imagens do dono das sobrancelhas mais famosas de todos os tempos. O mais digno
de tudo, foi o reconhecimento de cada personagem da trama de que J.R era apenas
humano, com mais erros do que acertos, mas ainda humano e que de certa forma
impactou a vida de muita gente ali. Obviamente as perecias maldosas e de caráter
duvidoso dele sempre será o que irá se sobressair na lembrança de todos, que
inclusive tiveram a vida arruinada por ele, mas de certa forma J.R teve seus
bons momentos surpreendentemente de afeto com cada um, especialmente com Sue
Ellen. Fiquei extremamente surpreso com o fato de que Sue Ellen ainda o amava
mesmo depois de ter passado por tanta coisa nas mãos dele. E mais surpreso
ainda em saber que ele pretendia reatar seu relacionamento com ela. Esse fato, julgo
que irá nos levar mais uma vez a presenciar a perdição de Sue Ellen, que irá
tentar se dividir entre manter os planos com John Ross e superar mais uma vez o
vício do alcoolismo.
Mas uma coisa não posso deixar de dizer que me deixou muito feliz nesse
episódio tão marcante para a série: A criatividade e competência dos
roteiristas. Conseguir por em perspectiva um fato totalmente inesperado e colocá-lo
como direcionador de uma trama tão boa como a que foi adotada não é para
qualquer um, e devo dizer que independente do que os produtores tinham em mente
antes, dificilmente iriam conseguir fazer algo tão bom quanto os rumos que
começam a se desenhar na trama. Sempre me perguntei quais eram os planos de J.R
contra Harris quando ele prometeu para Bobby que iria vingá-lo e estava achando
até estranho o aparente descaso dos produtores com essa trama que parecia tão
boa. Ligar esse fato a morte de J.R e ainda conseguir entrelaçar isso com a Pam
Barnes da série original, foi simplesmente sensacional. Não consigo ainda de
forma nenhuma estabelecer uma relação nítida entre esses dois personagens. Por
mais que pense não consigo achar uma lógica possível nisso, nem em toda essa importância
de Pam na história, mas com certeza apenas a insinuação desses fatos já
conseguiu levar Dallas para um nível incrivelmente mais alto. Minha suspeita
aqui, fica apenas em cima de Pam como talvez uma das responsáveis pela morte de
J.R. Fica difícil imaginar um motivo convincente, sendo que a personagem ainda
nem reapareceu na série, mas torço para que isso aconteça em algum momento e
que ela venha para deixar a série ainda mais insana do que imaginamos, ainda
mais agora que temos menos personagens do elenco original. Recentes entrevistas
com Victoria Principal apontam que ela nunca mais irá participar da série, mas começo
a pensar que a quantidade de insinuações que estão fazendo sobre a personagem,
tornam uma aparição dela totalmente inevitável.
A morte de J.R provavelmente irá significar para Dallas o inicio de uma trama
totalmente nova. As brigas e disputas entre Chris e John Ross já começavam a
tomar proporções extremamente grandes, e começava a ver a série já em uma beco
sem saída seguindo com esse plot. John Ross tinha a vantagem sobre a Ewing
Energy, mas Chris começava a virar o jogo impedindo a extração de petróleo além
de quase abocanhar um contrato milionário para a venda legal e utilização de
metano como combustível, ganhando assim o apoio de Pam e dando a ele mais poder
no jogo. Gosto quando Chris e Bobby conseguem enfim ficar no comando, porque
ver eles sempre perdendo acaba se tornando previsível. Mas não tem como negar
que ver John Ross quase sem saída, deixou tudo um pouco menos interessante, o
que fazia necessário uma reviravolta e uma pequena mudança no foco narrativo. Não
estou dizendo que essa trama será deixada completamente de lado, afinal o que nós
mais adoramos ver é o arranca-rabo entre os Ewing, mas acredito que agora a
questão familiar irá falar um pouco mais alto, virando o jogo contra a possível
união entre Barnes e Ryland. Como já disse aqui, os Ewing são grande adeptos da
filosofia “Com a minha família ninguém
mexe... só eu!” então é perfeitamente aceitável a união dos dois lados da família
contra um mal maior.
Em meio a tanta coisa importante, as tramas secundárias não
foram deixadas totalmente de lado, e nossa rainha Ann não poderia ficar de fora
dos holofotes. A reconciliação dela com Emma veio muito antes do que eu esperava.
Achei que fossem tratar disso ainda em doses homeopáticas, mas finalmente Emma
conseguiu ver os verdadeiros canalhas que seu pai e sua avó são, e sem hesitar
foi correndo para os braços de Ann para experimentar um pouquinho de como é ser
livre de verdade. E ao que parece, a moça quer tanto aproveitar dessa liberdade
que foi logo tratando de consolar John Ross, formando um casal totalmente
inusitado na trama. Espero que o envolvimento dela com o maior canalha dos
Ewing não signifique que ela também esconde um lado negro, porque me apeguei
demais a história de vida dela e Ann para ter que me decepcionar logo agora. Por
outro lado, pode parecer absurdo, mas não consigo não pensar que talvez Emma saiba
algo sobre a morte de J.R ou no mínimo de sua desavença com Harris. Alguém aí não
notou as caras estranhas dela enquanto a policial descrevia os fatos do homicídio?
Pelo visto essa trama tem muita coisa ainda a desenvolver, e
fica difícil ficar aqui teorizando quando tudo o que vimos foram insinuações. Só
o que fica claro é que a série tem muita ferramenta para construir uma trama
incrível, e com tudo o que já vimos, não acho que iremos nos decepcionar!
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